Quem, no Rio de Janeiro, principalmente no verão, não se deparou com uma lacraia? As lacraias são também conhecidas como centopéias e não são insetos, e sim quilópodes. Possuem corpo alongado e dividido em articulações, e cabeça com um par de antenas, olhos, mandíbulas e um par de garras venenosas. Seu veneno não é mortal, mas o local picado sofrerá muita e prolongada dor, inchaço e é necessário, dependendo do caso do vitimado, procurar-se o posto de saúde mais próximo. A dor só passa depois de algumas horas. Relato de óbito ocorrido em seres humanos por ataque de centopéias é praticamente desconhecido, mesmo em crianças. Apenas um fato foi relatado no Brasil e é controvertido.
As lacraias podem medir até 30 centímetros, mas a maioria das espécies possui 3 a 5 centímetros e algumas vivem mais de 10 anos. No Brasil encontram-se principalmente as de cor marrom, geralmente igual às das baratas americanas, ou seja, marrom-avermelhado ou marrom-escuro. No entanto, existem em outras partes do mundo aquelas de cor amarela, azul, verde, vermelha ou com combinações de cores.
HÁBITOS
Como seus hábitos são preferencialmente noturnos, requerem um ambiente úmido. Gostam de viver, portanto, debaixo de rochas, madeira e ainda na terra, construindo buracos no solo ou por baixo de pedras e troncos, geralmente com uma toca na qual se abrigam. Podem alimentar-se de baratas, formigas, cupins, minhocas, caracóis, rãs, sapos, cobras, aves, camundongos e vermes. Colocam seus ovos na terra ou madeira apodrecida. Gostam de frequentar principalmente o mesmo meio das baratas (ralos, esgotos, lixo, etc).
Elas caminham rápido, diferente dos piolhos-de-cobra, também conhecidos como embuás ou gongolos, que são lentos, não são venenosos, portanto não causando danos aos humanos e somente as plantas dos jardins. Diferente das lacraias, para se defenderem, apenas se enrolam. (Veja a foto comparativa).
CONTROLE
Eliminar locais onde as lacraias possam fazer abrigo, como tijolos, taboas, pedras, etc. e espalhar ao anoitecer panos (trapos) umedecidos pelos locais onde elas aparecem.
Pela manhã, recolher os trapos com um pedaço de pau e com cuidado para não ser picado, colocando-os em uma lata com água bem quente, matando-as.
PREVENÇÃO PARA EVITAR ACIDENTES
A principal prevenção no meio urbano contra lacraias consiste em eliminar as baratas, formigas e cupins ou outros insetos que sirvam de alimento para elas. Assim, a infestação tende a diminuir bastante. Ralos de cozinha, de serviço e de banheiros devem ser limpos semanalmente, tratados com creolina, vedados com tela, e se possível, aparafusados ao piso. Nas caixas de gordura, esgotos e valas, a mesma ação é recomendada, porém quinzenalmente. Substituir as tampas quebradas por outras em perfeito estado;
JARDINS E QUINTAIS: Mantê-los limpos e secos, com a grama aparada e retirando o mato ou folhas caídas. As plantas ornamentais e trepadeiras devem ser afastadas das paredes, evitando que as folhas toquem o chão
Evitar também o acúmulo de restos de construção como tijolos, pedras, areia, telhas, madeiras, galhos ou troncos de árvore, além de outros materiais como pneus: móveis, caixotes, panos, latas e demais bens inservíveis, principalmente encostados em paredes;
CALÇADOS: Andar sempre calçado e usar luvas de couro ao mexer em entulhos ou buracos, material de construção, lenha, etc.; assim como, examinar com cuidado os calçados, sacudindo-os bem antes de calçá-los e verificar com cuidado as roupas, toalhas ou panos de limpeza, revirando-os com o auxílio de um objeto antes de pôr-lhes as mãos;
PORTAS: Manter as frestas, embaixo das portas, vedadas com rolinhos de pano cheios de areia, ou com frisos de borracha;
RALOS: Manter tampados com tela e aparafusados ao chão.
MÓVEIS: Mantê-los desencostados da parede.
PANOS DE CHÃO: Tomar cuidado para não pegar panos de limpeza, conhecidos como panos-de-chão se estiverem umedecidos sem antes verificar se lacraias se esconderam neles. Por causa da umidade elas procuram se hidratar, abrigando-se desta forma.
INSETICIDAS: Usar somente quando a infestação for muito grande, porém somente com orientação técnica de empresa legalizada, responsável por controle de vetores e pragas.
Pedro Pazelli é AVS da CAP 2.1 e é autor do livro “Animais sinantrópicos”, 2010 – Agebook - São Paulo, de onde foi extraído este texto.
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