quarta-feira, 30 de setembro de 2015

INC promove evento para incentivar transplantes de coração

A doação de órgãos no Brasil inspira cuidados. Especialmente a doação de coração, ainda cercada de tabus. Para quebrar preconceitos e conscientizar a população sobre a importância de não ignorar o gesto solidário mesmo em um momento de dor, o Instituto Nacional de Cardiologia (INC) promoveu uma caminhada na orla de Copacabana no dia 27/09, com ex-pacientes do hospital que receberam a vida de volta através de um coração novo. O evento fez alusão ao Dia Nacional de Doação de Órgãos, lembrado na data. A parceria foi da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro (Socerj), da Rede D'Or, da equipe de Jiu-jitsu Luiz Carlos Fonseca e da Orquestra La Salle. 

A ideia da iniciativa de mobilização social para comemorar a data teve um motivo. A dificuldade no transplante de coração ocorre muitas vezes por recusa familiar, e não apenas por problemas clínicos do paciente em óbito, como muitos pensam. De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), a recusa de parentes em doar órgãos passa de 40%. A pouca adesão se reflete nos números de transplantes em 2015, que estão bem abaixo do necessário.


“No ano passado fizemos mais transplantes de coração do que este ano. Já estamos em setembro e dá para ver que a situação piorou muito. Ainda não registramos no INC metade das cirurgias que esperávamos para 2015. Precisamos de ajuda para reverter esse quadro”, faz o apelo a médica Jacqueline Miranda, coordenadora do setor de Insuficiência Cardíaca e Transplantes do Instituto Nacional de Cardiologia. O hospital é o único no estado do Rio a realizar o procedimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS / Ministério da Saúde).

Coração novo, vida nova - O que se espera é que ações de apelo social funcionem para sensibilizar o público, mesmo diante do pior momento da vida de qualquer um, que é a perda de um ente querido. Junto a amigos e parentes, os pacientes transplantados do INC deram uma verdadeira aula de resiliência, disciplina e autoestima no calçadão de Copacabana. José Osmar Alves é um deles. A história do ex-zelador de 43 anos, aposentado por ter insuficiência cardíaca, daria um livro. Transplantado em 2012, ele se apaixonou pela corrida e hoje é maratonista.

Casado e pai de três filhos, José não praticava esportes. Ele se encantou pela modalidade durante sua reabilitação cardíaca no hospital. Quatro meses depois da operação, no entanto, já estava fazendo sua primeira maratona, percurso de 6 km. Para quem sofria para subir os degraus da Rocinha, onde mora, a mudança foi um salto e tanto. “Passei de sedentário à atleta. Sou muito grato à família que doou e à equipe do hospital. Se não fosse por eles, não estaria aqui hoje”, lembra José Osmar, que hoje corre duas vezes por semana na praia.

O evento - A caminhada contou com a participação da equipe médica e interdisciplinar do INC e de profissionais de educação física que deram dicas de exercícios, alongamentos e fizeram a supervisão das atividades. O público presente se encantou com a participação de uma orquestra sinfônica e de atletas coreografando o percurso. Os transplantados e seus familiares ainda receberam aulas de defesa pessoal no local.

As atividades foram gratuitas e o evento aberto a todos.

Fonte: INC

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