O acúmulo de pequenos problemas, repetidos diariamente, podem provocar consequências negativas à saúde. Saiba como evitar o estresse.
Naquela manhã, depois de um mês longe do trabalho, Tatiana Alvarenga voltava a andar pelos corredores do escritório onde atuava como analista de redes sociais há mais de três anos. A jovem fora afastada, para um repouso médico, devido a um distúrbio psicológico momentâneo, uma espécie de colapso nervoso. O ano havia sido intenso: dívidas que se acumulavam por conta de um salário que não era compatível à sua profissionalização, o recente término de um namoro de muitos anos e, o pior de tudo, uma chefe que a assediava com gritos e comentários perniciosos.
“Eu surtei. Dezembro chegou e as pessoas não paravam de falar de Natal e Réveillon, e eu pensando que não tinha muito para comemorar. Então quando minha chefe veio, mais uma vez, falar alto para todos que eu não estava fazendo meu trabalho direito – o que não era verdade. Ela só criticava meu trabalho quando o dono da empresa estava por perto; eu não aguentei, chorei, gritei e sorri. Tudo ao mesmo tempo. Ela ficou tão surpresa que só conseguiu ficar olhando. Deve ter pensado que eu tinha ficado maluca”, relembra Tatiana.
Depois de procurar ajuda médica, a jovem compreendeu que o acumulo de problemas tinha afetado sua saúde e, também por isso, ela tinha adquirido algumas compulsões, como descontar as angústias no chocolate e passar madrugadas assistindo a séries pelo tablet.
O coordenador de Saúde Mental, Álcool e outras Drogas do Ministério da Saúde, Quirino Cordeiro, explica que esse tipo de situação tem uma frequência ainda maior no final do ano. “São meses que trazem sentimentos ambíguos por se tratar da finalização de um ciclo, a finalização de um ano, e muitas pessoas fazem uma avaliação da vida nesse período. E essa reflexão pode revelar metas não cumpridas e desejos não concretizados. Além disso, nessas épocas as pessoas costumam lembrar momentos felizes que não têm possibilidade de se repetir, isso pode agravar um momento de tristeza e dificuldades”, alerta.
Um dos profissionais que atendeu Tatiana, falou que ela estava estressada, mas não da forma como as pessoas se condicionam a tratar do caso – que é mais relativo ao cansaço do dia a dia. O estresse não aparece em nenhuma categoria na classificação internacional de doenças, mas seus efeitos são observados nos consultórios das mais diversas especialidades médicas como cardiologistas, endocrinologistas e psiquiatras.
O acúmulo de pequenos problemas, repetidos todos os dias, pode provocar consequências como aumento da pressão arterial e do número dos batimentos cardíacos que, sem dúvida, trazem consequências negativas ao organismo.
Algumas dessas alterações são refletidas no corpo na forma de compulsões, ansiedade, queda de cabelo, problemas de pele, mau funcionamento do aparelho digestivo, má regulação do sono, aumento de peso ou emagrecimento, desequilíbrio no ciclo menstrual e depressão. Esse último ponto pode ser considerado um dos mais graves.
“Esse clima festivo do final do ano traz consigo uma expectativa de que todas as pessoas estejam nessa mesma sintonia, mas algumas estão passando por um momento de estresse, com preocupações grandes e sofrimento, e não podem corresponder a esse momento. Existem, inclusive, estudos que mostram que em datas muito marcantes com grande carga emocional, como as de final de ano, pode haver também uma elevação na incidência de suicídios”, explicou Quirino Cordeiro.
Conheça algumas dicas para combater os efeitos negativos gerados pelo excesso de expectativas, trabalho, estresse e tristeza ligados a essa época do ano:
- Trabalhe com a realidade. Nesse momento é importante fazer uma autoavaliação, mas é preciso adequar as expectativas geradas no começo do ano com a realidade que se desenrolou ao longo dele. Nos resultados dessa autoavaliação devem ser levados em consideração as possibilidades que se teve para alcançar as metas e objetivos pretendidos.
- Esteja próximo a pessoas que te fazem bem. Pode parecer um conselho óbvio, mas, nesse período, é fundamental escolher estar ao lado de pessoas que nos amam, que fazem o bem, que se importam com a gente. O suporte familiar e dos amigos é um fator de proteção contra o sofrimento.
- Cuide do seu corpo. O fim do ano traz também um aumento no número de confraternizações e festas, que podem ser um prato cheio para compulsões alimentares! Seja comedido, se alimente bem e sem exageros de doces ou álcool. Além disso, é importante manter uma frequência de exercícios físicos de pelo menos três vezes por semana. Está comprovado cientificamente que aliar uma alimentação balanceada às atividades físicas é um fator que ajuda a combater doenças físicas e mentais.
Fonte: Blog da Saúde
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